Economia prateada: um olhar sobre o crescente poder de compra dos idosos

Ajudar as pessoas a envelhecerem bem é uma nova prioridade

| EPTV -

A idade média das pessoas em todo o mundo está subindo cada vez mais. Segundo o relatório "Future of Ageing/ILC-Brazil", o Brasil tem cerca de 30 milhões de idosos, e estima-se que até 2050 esse número deva mais que dobrar, atingindo a marca de 67 milhões. Nesse mesmo período, a expectativa é que esse grupo etário corresponda a 30% da população de 64 países. Porém, essa geração não é apenas numerosa, muitos deles também têm um poder de compra considerável, o que causou ascensão da chamada Economia Prateada, um conjunto de todas as atividades econômicas associadas às necessidades das pessoas, com mais de 60 anos, e dos produtos e serviços que elas consomem ou um dia irão consumir. 

Hoje, a terceira idade não se parece em nada com a terceira idade de outras décadas. Eles estão envolvidos no mundo digital, nas universidades, nas academias e até em aplicativos de namoro. Dados da Kantar IBOPE Media mostram que ter idade mais avançada não é barreira para usar as tecnologias disponíveis: 85% das pessoas com mais de 60 anos acessaram a internet em 2020 para obter informações antes de realizar uma compra, 75% fizeram alguma transação on-line, além do aumento consideravelmente do consumo de vídeos e plataformas de streaming. 

As informações apontam ainda que esse público é antenado na mídia. Pesquisa feita pelo Instituto Locomotiva e Sony Pictures Television mostra que 75% das pessoas com idade superior a 50 anos assistem à TV diariamente e 96% delas afirmam que veem algum conteúdo pelo menos uma vez por semana. Os mais velhos já vêm adotando o comportamento multi tela, uma vez que 79% acessam a internet enquanto assistem a algum programa na televisão.Os dados também mostram que nunca é tarde para aprender. Os universitários brasileiros com mais de 60 anos cresceram 53% nos últimos seis anos. E, com essa nova cara que esse grupo vem tomando, surgem novos hábitos e novas tendências de consumo.

Um novo mercado 

Um relatório da World Population Ageing aponta que a Economia Prateada no Brasil movimenta cerca de R$ 1,6 trilhão ao ano, ou seja, onde tem dinheiro, tem oportunidade de negócios. No entanto, os mais velhos estão longe da mira das empresas. Um estudo das consultorias Hype60+ e Pipe Social identificou que 63% dos negócios estão focados nos millennials, pessoas entre 40 e 25 anos. 

Está demorando para o mercado abrir os olhos. Existem poucos produtos e serviços construídos e oferecidos pensando na perspectiva das pessoas mais velhas, as quais acabam consumindo produtos que não são 100% adequados. O estudo da Hype60+ e do Pipe.Social também indica que quatro em cada dez consumidores acima de 55 anos sentem falta de produtos e serviços voltados para eles. O segmento de vestuário é um dos mais desfalcados: 56% dos mais velhos não estão satisfeitos com o que o mercado oferece em termos de vestuário. Consideram as roupas "jovens demais" ou "de velhos". 

É preciso ouvir e entender melhor esse público. Os idosos são agora jogadores importantes na economia e estão dispostos a consumir com marcas que saibam dialogar com seus anseios. Com a medicina e a tecnologia caminhando juntas e encontrando novas soluções para questões relacionadas à saúde, a tendência é que o poder de compra dos 60+ seja cada vez maior. Por isso, criar ou apoiar novas soluções focadas na terceira idade, tanto para o consumo, quanto para questões de impacto social, não é apenas visão de mercado e, sim, ajudar as pessoas a envelhecerem bem.