BREAK EM ALTA - ESPECIAL SXSW

Insights sobre o festival de inovação, tecnologia, música e entretenimento

| EPTV -

Realizado até o último sábado, o festival de SXSW, o South by Southwest, vem movimentando o mercado de comunicação. Muitos dos profissionais ligados às áreas de comunicação, cinema, música, inovação e tecnologia participam anualmente do festival que acontece toda primavera em Austin, capital do Texas, nos EUA. 

O festival ocorre desde 1987 e reúne conteúdo diversificado com especialistas e lideranças, atraindo milhares de pessoas para a capital texana. Neste ano, o evento foi gravado e disponibilizado em plataforma digital, com a possibilidade de salas de networking e de debate entre os participantes. 

Para que a experiência fosse imersiva, era possível navegar em uma maquete virtual de realidade aumentada e explorar a cidade, explica Hygor Beltrão Amorim, CEO da OZ Produtora, de São Carlos, que assistiu aos painéis do SXSW. 

Os participantes com desktops compatíveis, Oculus Quest ou headsets PCVR foram convidados a explorar o SXSW Online XR, uma recriação em realidade virtual das ruas de Austin que normalmente hospedam o festival. Alimentado pelo aplicativo VRChat e desenhado por VRrOOm , o espaço permitiu aos participantes "caminhar" pelas ruas e visitar vários locais para eventos e painéis.

Neste BREAK em Alta, você acompanha os principais insights de Hygor Beltrão e também de João Finamor, professor da ESPM e consultor em Marketing Digital.


Amy Webb era uma das palestrantes mais esperadas no primeiro dia de SXSW. Ela é uma futurista americana, autora, fundadora e CEO do Future Today Institute. No evento, a futurista disponibilizou o esperado Tech Trends Report 2021, um relatório completo sobre o futuro e que pode ser conferido no link. 

"Amy chamou atenção sobre a importância do humano. Em vez de internet das coisas (IoT), a futurista destacou o conceito você das coisas. A transformação digital é sobre pessoas. É sobre entender o comportamento humano e desenvolver soluções que atendam aos problemas das pessoas por meio da tecnologia", ressalta Hygor.  

A futurista também reforçou a "Realidade Diminuída", tecnologias que removem estímulos visuais ou auditivos do ambiente, que "reduzam" a nossa percepção da realidade. Exemplos: janelas que reduzem os ruídos internos e externos, nos "retirando" sensorialmente da realidade como a percebemos originalmente.  

Um desdobramento natural é a criação de chatbots que emulam nossa personalidade e que permitam dialogar com outras pessoas.

Painel com Jason Schenker


No mundo inteiro, empresas tiveram que se adaptar para continuar existindo e, segundo Jason Schenker, presidente do The Futurist Institute, a transformação tecnológica pela qual passaram representa um "caminho sem volta". "As empresas terão que se adaptar para manter um meio termo entre o atendimento presencial e o digital".
 

Distribuição de conteúdo 

Jason Schenker destacou que as pessoas estão sendo bombardeadas por conteúdo a todo instante, em todas as plataformas e de todas as maneiras. "A pandemia instalou a cultura da notificação. Afastadas, elas buscaram formas de estar presentes e, nos próximos tempos, continuam em alta ferramentas como Zoom, Teams e WhatsApp, que aproximam e facilitam reuniões e negócios. Organizar o caos da informação também representa oportunidade para quem deseja empreender. Empresas que saibam como produzir o conteúdo certo para a plataforma ideal poderão se destacar".

Shop Live

O painel "O futuro do varejo e do comércio eletrônico" discutiu o futuro do varejo baseado no live shopping, nas transmissões ao vivo, como uma maneira de trazer uma experiência sensorial de compras para a casa de seus clientes. 

João Finamor, professor da ESPM e consultor de marketing digital, destaca que o "Shop Stream" foi um dos assuntos comentados no SXSW. Mas esqueça aquele vendedor em live apenas mostrando o produto e te pedindo para chamar no privado para falar valores e fechar a compra. O marketplace como conhecemos hoje vai mudar e terá menos atritos e cliques. "O Shop Stream vai permitir que a pessoa veja a peça durante a live e em apenas um clique consiga comprar. O mundo complexo exige soluções simplificadas para a melhor experiência do usuário".  

Neste contexto, João explica que o papel dos influenciadores digitais junto às marcas é importante para cocriar conteúdos e envolver a audiência em uma narrativa espontânea e verdadeira. "Para se destacar dentre este cenário cercado de infinitas possibilidades, será preciso ser muito criativo e as parcerias serão fundamentais para os shop strems mergulharem neste universo já dominado por criadores de conteúdos. E em meio a esta infinidade de conteúdo, será necessário um profissional que tenha o papel de fazer a curadoria e trazer insights relevantes", explicou ele.

Saúde Mental 

Haja saúde mental para lidar com a avalanche de informações. Saúde Mental foi um dos temas abordados durante o SXSW e o uso de aplicativos que auxiliem as pessoas a terem uma vida mais saudável também, lembra João Finamor. "O segmento de healthtechs ainda tem muito espaço para crescer e as pessoas estão mais interessadas em serviços e aplicativos relacionados à saúde". 

Vídeo volumétrico 

Já Hygor conta que o painel sobre vídeo volumétrico como ferramenta para marketing levou os participantes a pensarem o que vem depois de tudo que já se sabe sobre realidade virtual. Um palpite com bastante dose de realidade é a holografia. Adepto ao uso de diversas tecnologias para aprimorar seu trabalho audiovisual, Hygor confirma que a holografia ainda tem muito a ser aprimorada e usada como ferramenta de marketing. No vídeo volumétrico, em vez de captar as cenas com câmeras focadas na ação, a filmagem é feita através de centenas de câmeras espalhadas por todos os lados de um estúdio em forma de domo. Isso permite que o espectador "passeie" pela cena pelos mais diversos ângulos. A invenção representa uma mudança na forma de dirigir, atuar e editar as películas. A direção de fotografia será completamente diferente. 

 

"Storytelling" 

Durante o painel "Ocean Storytelling", o cineasta James Cameron apresentou um material que embora foque na vida e cultura das baleias, tem como objetivo alertar sobre as mudanças climáticas no planeta. Ele ressaltou algo que tem sido bastante repetido ao longo de diferentes conversas nesse SXSW 2021: uma boa narrativa é fator fundamental para incentivar as pessoas a promoverem mudanças na sociedade. 

No primeiro dia do evento, a Stacey Abrams, escritora, ativista política e membro do Partido Democrata também reforçou essa ideia. "Centralize a narrativa em torno do eleitor, do cidadão, da pessoa. Se eles não conseguem se ver sendo vitimados ou se beneficiando, você dá a eles um motivo para não se importarem. Concentre-se em centrar a história em torno das comunidades que não fazem parte da narrativa para que tenham um lugar para serem ouvidos", disse Stacey Abrams. 

Storytelling e Fake News com Yuval Harari 

Hygor destaca que Harari, professor israelense de História e autor do best-sellers como Sapiens: Uma breve história da humanidade, abordou o tema fake news e narrativas. "Na opinião de Harari, ao longo da história, as pessoas se interessam mais por narrativas que fatos e, por isso, as fake news se espalham rapidamente". 

Seres humanos são animais de storytelling e, segundo Harari, a TV é uma ferramenta incrível para criar e comunicar histórias, talvez a mais poderosa da época. "Os seres humanos têm essa habilidade de, de modo seletivo, ligar ou desligar suas faculdades críticas e racionais". Ele lembrou também que quando a internet chegou todos pensaram que poderíamos compartilhar mais informação e isso levaria a mais liberdade, pensamento científico e não aconteceu, porque informação não é a verdade e ficção também é informação, assim como fakes news. 


Carro elétrico com experiência de cinema

Lucid Motors está se preparando para o lançamento de seu primeiro veículo elétrico, o sedã Lucid Air, e no SXSW, a empresa revelou um detalhe único do próximo automóvel: será o primeiro carro a oferecer som Dolby Atmos, graças ao seu sistema de 21 alto-falantes "Surreal Sound". Além da música, o Lucid também está usando sua configuração Atmos para indicadores e sons de alerta por exemplo, se um passageiro no banco traseiro não estiver usando o cinto de segurança, o carrilhão do cinto de segurança terá como alvo o canto do passageiro do carro especificamente. "A experiência do cinema chega aos carros elétricos e também autônomos. Os passageiros poderão viajar sem dirigir e poder se entreter durante o caminho", conta Hygor sobre o painel que abordou esta tecnologia.

Jornada para um cérebro melhor 

Neste painel, os convidados foram Iain McIntyre, CEO da Humm e Vivienne Ming, Founder & Executive Chair da Socos.

A Humm é uma startup que está pré-lançando um dispositivo que estimula seu cérebro por 15 minutos e melhora a performance do seu cérebro e sua memória por 90 minutos. Durante a palestra, Vivienne explicou um pouco sobre a ciência por trás da estimulação cerebral e outros avanços da neurociência e da neurotecnologia.

Produtos como o Humm usam o que se chama de "estimulação transcraniana de corrente alternada" e está relacionada à "estimulação do nervo vago" e "estimulação cerebral profunda", todos métodos onde você estimula o cérebro com eletricidade (de baixa voltagem).

Esses métodos no passado mostraram-se eficientes para tratar desde depressão até Parkinson, o problema é que, antigamente, não se sabia o porquê de funcionar. Porém, nos últimos anos começou-se a entender a relação entre as partes do cérebro e como esses estímulos permitiam que essas áreas se comunicassem melhor ou funcionassem de forma diferente.

Além de potencializar sua memória e performance mental, é possível estimular suas emoções com métodos parecidos com esse, deixando você mais feliz e não apenas relaxado, por exemplo.

Atualmente, Mark Zuckerberg e Elon Musk, respectivamente donos do Facebook e da Tesla, estão investindo em empresas de neurotecnologia.

A Dra. Ming já trabalhou numa startup onde, lendo dados de movimentação de um indivíduo através do celular e comparando com os padrões de movimentação de uma pessoa bipolar, eles conseguiram detectar episódios de bipolaridade com antecedência. Chegou um momento na pesquisa onde eles sabiam afirmar na base de usuários quem era bipolar, mas nunca levaram essa informação a público, pois o objetivo do app não tinha nada a ver com saúde. Por isso, as questões que envolvem este tipos de inovações e legislação foram abordadas durante o SXSW.